segunda-feira, 4 de junho de 2012

Miradouro de Monte Agudo (2)

Podem encontrar a primeira post sobre este local aqui.



Da segunda vez que cá vim trouxe a Rosa. A muito custo conseguimos arranjar local para pôr o carro ao pé da pretensiosa rua de Liverpool. O engraçado é que apesar das coisas continuarem tal e qual eu me lembrava, havia ligeiras alterações que se fizeram notar: a música não era tão zen, agora era uma longa composição de meia-hora de Keith Jarrett que tocava, aparentemente não é qualquer um que escolhe este arranjinho musical, denota algum saber orgulhoso, o que viemos a confirmar mais tarde.




Havia também novas cadeiras colocadas perto da beira, viradas para o arbustedo denso que cobre a paisagem. E depois o resto que já cá estava da última vez: revistas, mantas para o frio, o sofazinho de almofadas onde me tinha deitado outrora, as mesas da esplanada com alguns guarda-sois e alguns clientes tranquilos misturados com as personagens duvidosas que rondam o sítio (as gentes que frequentam este miradouro não têm propriamente o aspecto mais caridoso). E cães claro, sempre cães.



O dono continuava com o seu je ne sais quoi do costume, descurando um pouco a clientela para dar conversa a um amigo, mas não sei porquê isso não me apoquentou muito, não aqui, cada um tem direito a ter a sua personalidade desde que se seja genuína, isso acaba por fortalecer a caracterização de alguns espaços, mesmo quando implica torcer o nariz quando pedi um galão a seguir ao capilé, e tinha toda a razão, não podia dar bom resultado e eu fiquei com a sensação que tinha acabado de beber um oceano inteiro (não podia adivinhar que o galão era gigante).




Aqueles senhores copos devem chegar a quase meio litro, sim, o galão veio no mesmo tamanho de copo do que o capilé, e os preços são bastante em conta para o tamanho (já não me lembro quanto paguei mas foi muito pouco para aquela quantidade) de qualquer dos modos fotografei também o menu que estava escrito no quadro de giz para informação complementar.



Sentei-me a trabalhar num pequeno conceito que me tinha sido sugerido pela própria Rosa numa ida ao Casual Lounge: a Puta de Guarda-Chuva. Segundo ela, algo que nunca tinha encontrado na vida e que avistou numa noite chuvosa, perto do Restelo. Esta personagem quase que tem parentesco com o Abominável Homem das Neves. E foi assim que surgiu o que denominámos como Poesia de Banco de Jardim, da qual faz também parte o Amolador de Facas, uma personagem nostálgica de infância, e os Trompetistas Melancólicos de Máscara da Baixa-Chiado. Mais personagens surgirão.

Baptizei também definitivamente o sofá das almofadas como o "meu" sítio. Talvez precise de experimentar outros assentos mas aquelas almofadas chamam pelo meu traseiro.



Não podemos deixar de finalizar uma visita a um miradouro sem observar a paisagem. A minha vista preferida de Lisboa continua a ser a da Nossa Senhora do Monte, mas esta também não é nada de se deitar fora.




Pequena nota que pode ser útil: o sítio tem casa-de-banho, está é agregada ao quiosque, quem olha de frente é no lado esquerdo, caso estejam a desesperar já sabem.

Aberto todos os dias das 11:30h ao pôr-do-sol, como diz no menu.

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